POROROCA: A Amazônia no MAR
Próxima terça-feira dia 09 de setembro abre a exposição “POROROCA: A Amazônia no MAR”, com curadoria de Paulo Herkenhoff. Participo da mostra com o trabalho “JUNTA” recentemente incorporado à coleção do MAR. -
"A Amazônia no MAR é um convite ao debate sobre as (in)visibilidades históricas, sociais, políticas e estéticas do outrora denominado inferno verde, nas palavras de Euclides da Cunha."
Paulo Herkenhoff.
Junta
No fim do ano de 2012 durante a semana de abertura do Arte
Pará, estava na cidade de Belém junto com o Grupo EmpreZa, para pensar e
apresentar algumas ações, além de comparecer na abertura do evento.
Durante viagens tenho costume de comprar diversos jornais, em
uma prática de arquivo e pesquisa para pensar trabalhos que dialoguem com
experiências dessas viagens. Ainda em Belém, folheando alguns jornais, me chamou a atenção
a quantidade de notícias estampadas com imagens de corpos de vitimas de
acidentes e assassinatos no caderno policial. Mesmo sendo constante esse tipo
de noticia em vários jornais brasileiros a quantidade de imagens explicitas
eram maior.
Durante o mesmo período, a cidade estava movimentada com as
comemorações e peregrinações do Círio de Nazaré. Com vários pontos da cidade
preparada com decorações, vendedores, a presença de varias pessoas de
diferentes lugares e as constantes chamadas na TV, que em grande parte dos
casos destacavam as historias e esforços provindos da fé dos peregrinos.
Essas duas instancias me chamaram bastante atenção, e em um
dado momento ainda na cidade, senti vontade de fazer algo que de certa forma
servisse de ponte de ligação entre as historias narradas pelos jornais e as
manifestações do Círio.
Entre os símbolos usados no Círio está a corda de sisal
puxada na procissão pelos romeiros, a corda e dividida em estações e as junções
das partes é feita com peças de metal. Por toda a cidade são encontradas fitas
de cetim que em grande parte são amarradas no pulso e servem como lembrança da
romaria. Esses materiais me interessaram pela sua simbologia.
Após esse processo bastou juntar esses materiais, o trabalho
é composto por 11M de corda de Sisal, páginas de jornal (a maior parte das
páginas são do caderno policial), junta de ferro e fitas de Cetim com os
dizeres: Lembrança do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. As páginas de jornal
são enroladas na corda de Sisal e amarradas com as fitas de cetim, em cada
ponta da corda e preso uma junta de ferro.
O trabalho é apresentado como um
totem, onde uma das suas pontas é afixada no teto, ficando parte do trabalho
suspenso e o restante solto no chão.
Uma das definições da palavra Junta no dicionário é: Ponto ou superfície em que duas ou mais
coisas aderem ou se juntam.
Junta, 2013. Corda de sisal, jornais da Cidade de Belém, junta de ferro e tas de Cetim. 1100 x 2 x 24 cm
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