NP / Qual o lugar do seu trabalho?
Fig.1. Helô Sanvoy - Sem Título, 2012
O trabalho “Sem Título, 2012” é
composto por 4 laudas de jornal, publicadas no caderno especial do dia 24 de
outubro de 2012, o qual trazia como matéria textos, projetos, croquis e
fotografias referentes à construção, na década de 30, da cidade de Goiânia, que
seria a futura capital de Goiás. Após a escolha de algumas páginas desse
caderno, foram recortados os textos publicados e os olhos das figuras nas
imagens desse impresso, restando apenas os espaços vazados.
Ao pensar a apresentação de um
trabalho, leva-se em consideração a carga simbólica que cada lugar carrega. Fui
convidado para participar da mostra “O Popular 75 anos”, a acontecer na sede do
Grupo Jaime Câmara, um lugar que não é um espaço pensado para exposições, mas
um local de trabalho, lugar onde o jornal é pensado, escrito, diagramado,
impresso e distribuído. É um espaço carregado de significado. Ao ser convidado
para apresentar um trabalho na sede dessa instituição, foi do meu interesse
escolher um trabalho que falasse da cidade de Goiânia, que tem grande parte da
sua história registrada por essa mídia.
Assim, apresentar um trabalho que
discutisse a cidade, e considerando que essas páginas passaram por todas as
etapas competentes a esse tipo de publicação, significa, para mim, levar em
conta que esse impresso estaria impregnado dessa cidade, pelo trânsito das
ruas, pelo transporte, pelos pontos de venda, enfim, esse material teria
cumprido a trajetória urbana de um jornal impresso e agora retornaria ao seu
lugar de origem. É, portanto, uma ação inversa da ação tradicional, que tem as
impressões da cidade filtradas, publicadas e distribuídas. Essas impressões
agora são esvaziadas e retornam ao seu local de origem.
Considerando as questões
apontadas acima, a escolha do trabalho “Sem Título, 2012” para apresentação
nessa exposição, bem como a venda para as Organizações Jaime Câmara, não é
entendida apenas como uma exposição, mas é compreendida como uma ação poética. A
proposta não é simplesmente apresentar um trabalho, mas realizar uma ação – potencializada
pelo espaço onde foi apresentada e pela instituição que veio a fazer a
aquisição –, com sua carga histórica e influência na formação do imaginário
social.
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