DIÁLOGO DESENHO
O Museu Universitário de Artes – MUNA apresenta a mostra coletiva Diálogo Desenhos, com os artistas: Anna Behatriz Azevedo, Enauro de Castro, Evandro Soares, Glayson Arcanjo, Grupo EmpreZa, Helô Sanvoy, Luiz Mauro, Paul Setúbal, Rava Monique e Yara Pina. A reunião dos artistas na constituição dessa exposição se configurou pela capacidade de suas obras estabelecerem negociações com procedimentos e estratégias oferecidas pelo Desenho nas discussões da arte na atualidade.
(de 13/05/13, segunda a sexta-feira das 8:30h às 17h, a 21/06/13. Vernissage 11/05/13 as 10h).
Museu Universitário de Arte
Rua Coronel Manoel Alves, 309 - Bairro Fundinho - Uberlândia/MG
Tel: (0xx34) 3231-7708 - e-mail: muna@ufu.br. http://www.muna.ufu.br/
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Helô Sanvoy - Sem Título, 2012. Recorte em jornal. 5 módulos de 32 x 28 cm cada.
Apontando para outro diálogo possível passamos a conversar
com o trabalho textual que Helô Sanvoy se propõe realizar. Helô desenha ao
exercitar as ações de ler, marcar, apontar, riscar, enfatizar partes de livros,
jornais e revistas, produzindo, ora sobreposições de camadas translucidas dos
papéis, ora a falta de letras e palavras onde antes efetuaria a sua leitura. Também
é possível que a leitura seja ativada em uma imagem já impressa no papel jornal
deixada pelo artista. Ao selecionar folhas de jornais impressos, sua estratégia
permite transitar no limite do texto,
reorganizar suas lacunas, elementos dados a serem vistos e lidos ou
mesmo o impedimento desta leitura habitual, já que o processo de construção da
imagem o artista veda ao espectador a possibilidade de chegar ao “texto
original”. Nestas páginas duplas e impressas de um jornal cotidiano, o que
passamos então a tentar ler, mesmo que em sua impossibilidade de leitura total,
são os próprios movimentos dos desenhos impressos, ou recortados da superfície do
papel.
Glayson Arcanjo
DIÁLOGO DESENHO
A exposição DIÁLOGO DESENHO tem como proposta apresentar o
trabalho de dez artistas contemporâneos residentes no estado de Goiás. A
reunião dos artistas na constituição dessa exposição se configurou pela
capacidade de suas obras estabelecerem negociações com procedimentos e
estratégias oferecidas pelo Desenho nas discussões da arte na atualidade.
Estão presentes na exposição trabalhos dos artistas Anna
Behatriz Azevedo, Enauro de Castro, Evandro Soares, Glayson Arcanjo, Grupo
Empreza, Helo Sanvoy, Luiz Mauro, Paul Setubal, Rava Monique e Yara Pina. De diferentes
gerações e com produções bem diversas entre si, eles têm em comum, o fato de
serem nascidos ou de terem se deslocado durante suas trajetórias artísticas para
o estado de Goiás, onde hoje residem.
Pela riqueza e diversidade das produções apresentadas, não
nos coube eleger um único trabalho que se configurasse certeiramente em determinada
categoria da arte, afirmando, por exemplo, “este é um desenho!". Assim, não
nos interessou ancorar em qualquer demarcação fechada ou específica que
definisse as produções a partir de questões da linguagem, mas sim poder tatear
por caminhos mais incertos, tornando possível incitar modos de, ainda hoje, e, cada vez mais, se falar com e de Desenho.
Com a escolha dos artistas e,
conseqüentemente, com os interesses de falas gerados pelos aspectos presentes
em seus trabalhos, algumas palavras foram se tornando recorrentes ao
observarmos os trabalhos escolhidos; e que estes ao se aproximarem geravam
novos diálogos entre si. Assim, separamos algumas palavras que nos ajudaram a
nortear as escolhas feitas, são elas: desenho,
corpo, violência, texto, jogo, espaço.
Yara Pina produz em seus processos
um diálogo com a performatividade. A artista, parte de ações corporais e de um
fazer que atua diretamente na matéria, deixando ou produzindo índices de um corpo que agiu “ali” de modo
violento. Para essa exposição, ela apresenta
resultados de uma ação que se deu ao rasgar uma tela preenchida com carvão em
pó.
Paul Setúbal compartilha, em seus
desenhos, narrativas reconstruídas a partir da retirada ou mesmo da cópia de
imagens e relatos existentes ou esquecidos na história das civilizações, sejam
por questões políticas, de poder, ou por descasos. Em “Confessio” a representação
do corpo do artista se dá diante do que aparenta ser uma luta para se
desvencilhar de objetos acoplados/grudados em seu próprio rosto.
Nos desenhos de Luiz Mauro é
possível acessar algo de íntimo e subjetivo. Através de suas aguadas sobre o
papel observamos desenhos produzidos com materiais tradicionais, como nanquim e
óleo sobre papel criando densas áreas de negro.
Nos desenhos é possível perceber a presença de áreas de contraste e a forte
relação entre a sombra e a claridade. Elas dão o ar/ambiente/ambiência de seus
desenhos, recortam os espaços e situam as figuras construídas pelo artista.
Experimentações corporais e
coletivas estão presentes em “O Homem Vitruviano”, performance realizada pelo
Grupo EMPREZA (GE), que parte, nesse trabalho, de conceitos ideais e de cânones
das representações romanas do homem em suas proporções ideais (proporções
apoiadas em raciocínios matemáticos e baseados no que conhecemos como proporção
áurea). O grupo, ao retomar as leis e medidas de Vitrúvio, propõe atestar/contestar
tais propriedades na atualidade.
Anna Behatriz constrói uma
possibilidade de diálogo e modificação do espaço ao criar imagens fluidas
projetadas diretamente nas paredes, chão e vãos. A artista, experimentando
outras possibilidades menos palpáveis para a criação da imagem, faz uso da
fumaça, que, em concentrações especificas, são cuidadosamente despejadas no ar
por meio da própria respiração da artista.
Partindo de sua experiência como
serralheiro, Evandro Soares insere na página branca (ou na parede branca do
espaço de exposição) elementos como escadas, grades e cubos, de modo a
confundir os desenhos que ai surgem. Com o ferro, o artista cria linhas que
atravessam a superfície ou que surgem perpendiculares à parede criando planos
tridimensionais. Com o nanquim, ele deposita a tinta na própria parede mantendo
o caráter de bidimensional.
O vídeo apresentado por Glayson
Arcanjo mostra uma cena realizada em uma avenida do centro da cidade de
Goiânia. Visualmente, a imagem se constrói por um plano topográfico. Não por
acaso, o artista entende o chão da rua como uma superfície a ser comparada à
página, ao papel. Nessa superfície, o artista desenha como quem escreve um
texto, apagá-lo torna-se uma ação não mais associada ao seu próprio trabalho
manual, e sim, ela é transferida a terceiros.
Enauro de Castro realiza um
desenho linear no chão de cimento, e de suas derivações, surgem fotografias e
registros de ações ocorridas a partir desse desenho.
Em um primeiro momento, ao
observarmos a configuração do desenho realizado no chão, destaca-se o caráter
lúdico e a associação direta do trabalho do artista ao jogo infantil da
“Amarelinha”.
Rava Monique cria, em seus
trabalhos, um sistema visual para que um jogo ali aconteça no uso das palavras
em proximidade com a imagem, na escolha por elementos dispares e/ou na
curiosidade da artista por elementos que retomam aspectos cotidianos de uma
cultura local, ou mesmo universais.
Helô Sanvoy realiza desenhos ao
exercitar as ações de ler, marcar, apontar, riscar, enfatizar partes de livros,
jornais e revistas. Partindo dessas ações simples e cotidianas, o artista se
empenha em produzir sobreposições e camadas translúcidas de papeis através do
recorte e da falta de letras e palavras.
Dividir um espaço comum e articular uma exposição coletiva
permite acessar vias para múltiplas conversas. Vamos assim, arejando as trocas
e trânsitos entre pesquisadores, artistas, amigos e tantos outros interessados
ou curiosos, vindos de lugares distintos ou mesmo, distantes.
Ao atravessar os limites geográficos de Goiás e desembarcar
em Minas Gerais, e, mais especificamente no Museu Universitário de Arte – MuNA,
temos a oportunidade de, não apenas exibir a produção dos artistas, mas, de
mostrar suas estratégias de trabalho e seus modos de negociação coletiva com as
questões de interesse de cada um, para assim abrir vias sensíveis a quem quiser,
por meio delas, instaurar um bom e prazeroso diálogo.
Glayson Arcanjo
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